quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ter ou Não Ter

Se temos uma vida pela frente
Pra onde é que a conduzimos?
Quais atitudes ter?
O que fazer pra ser mais leve?

Leveza é ter paz?
É ter razão?
É ter emoção?
É ter tudo
ou não ter nada?

Ter ou não ter?
Pq não a metade?
Sim, não, talvez...

Escolhas, escolhas... Quantas escolhas!
Ter de ser
não ter de ser
Tendo de ser o não ter de ser???

No fim são sempre escolhas.
E qual delas tomar?
Simplesmente viver?
Dá pra aceitar tudo? Tudo ao mesmo tempo?

Apropriação.
Pense bem no que desejas!


aNE pECLAT

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ratio et Emotionem


Existem em mim dois seres
seres opostos
seres irmãos
parte e contraparte.

Viviam em guerra
sem arredar pé.
Com olhos vendados
eram desconhecidos.

Como num passe de mágica
sobreveio a decoberta
"Eureca!!!"

Por que não antes???
...
Mas enfim, se colidiram
optaram por se entender.
Uma regra: respeito!
Foi sabido que seus nomes eram
Razão e Emoção.

O prazer do encontro...

Principiou-se o equilíbrio
o diálogo
a companhia
a compreensão
a transparência
a cumplicidade
a privança
a amizade
a paz.
...e o respeito...

O amor em contraste ao desgaste de outrora...

_ Ah, é inenarrável Aquela que nasce
da fusão de dois seres
tão próximos e tão distantes!

Hoje?
já conseguimos caminhar juntos
e a sós.

aNE pECLAT

Ser num ser outro



Uno-me a ti
Como parte integrante do teu ser
Em teus braços sinto-me leve
Extasiamo-nos de sublime harmonia.


Em tuas curvas encontro minhas curvas
Meus dedos passeiam por seu tronco
Contorcemo-nos lentamente
Até inebriamo-nos de água e sangue.


O musgo castanho de tuas folhas

refletidas em meus olhos
Contemplam através de ti o azul do céu
Tuas cascas doadas pelo tempo

se confundem às manchas que existem em mim
As marcas do meu corpo geram frutos

que se doam como a ti.


Somos de ar, água, luz e calor
Somos uma e estamos sós
Somos silentes quando tudo grita,
Seremos raízes neste mundo que cai.


aNE pECLAT

Embriaguez


Sinto-me ainda embriagada...
Da bebida que me deste
Do sangue compactuado
Dos fluidos desperdiçados
Dos olhares inquietos... Descomedidos!
Das conversas profundas... Veementes!

Sinto teu cheiro, teu calor,
Tuas mãos a tocar-me incessantemente,
Teus suspiros e gemidos
sussurram em meus ouvidos
Ecoando em som de atonal orquestra.

Quanta loucura!
Essa permanente sensação que me invade...
 Avassaladora nostalgia
De intensões impetuosamente curiosas
E prazeres interminantemente proibidos. 


aNE pECLAT

Rio de Janeiro



Olho proutro lado,
por além da imensidão azul-esverdeada
avisto àquela Maquete.

Pequena terra dos grandes homens
de pessoas-Fantoches
de bonecos-miniatura.
Cá dentro posso controlá-los.

Bela visão projetada sobre águas!
Terra de aglomeração
e de gente solitária
vivendo à labutar... à vagar...

Observo de cá da Baía...
há somente algo ligando este
daquele distante mundo:
Uma ponte!

Rio, rio,
Ri-o-rio
eles também nos vêem assim!

aNE pECLAT

Fisiologia


É preciso respirar este silêncio,
Sentir as gotículas de ar
Que vemos com o canto direito d'alma,
Escrever no vazio do peito que aperta e afrouxa,
Cheirar o vermelho da rosa dos sonhos,
Andar pelos guetos doridos das lágrimas.

É preciso não respirar (as vezes)
Para ouvir as batidas do sangue das veias andantes de quem se aproxima.

É preciso sempre mais um pouco
Se não, o pulsar desses dedos
Não  discorrerão a desordem
De olhar e pureza e sentimento e emoção e suor
Que nascem simplesmente ao se respirar.

Hhhhuuuummmmmmmmm
É preciso respirar para dormir em paz!

aNE pECLAT

Poetizar


Se sou poeta(?),
Não estou poeta!

Poesia é um estado de estar
Que as vezes não chega.
Uma abstração do vazio
Que momentaneamente
Insiste em ecoar 
Nos cantos da mente...

Há quem pense que o poeta
Sente com o coração!


aNE pECLAT

Esconderijo Secreto


É aqui que me escondo
Dos seres daquele lugar,
Vivos e imaginários
anseiam me alcançar.

Me olham estranho
Como se nunca houvessem presenciado
Coisa igual.
Será que me vêem como monstro,
Bandido, Mocinho,
Ou apenas trapo carcomido pelo tempo?

Não, não!
Acho que são apáticos,
Olham e não enxergam.
Vivem num mundo preto e branco
Com rotação movimentacional
Girando sempre numa só orbita.


Esses indivíduos
Ao qual meu pensamento se volta,
São vergonhosamente de minha espécie.
Como num gesto involuntário (ou não)
Aprisionam-se na mesma cadeia,
E por ora
Insistem em ser canibais.

Então corro e me escondo
Neste outro habitat,
Porque aqui tenho certeza
De que pertenço à sua cadeia.
Esses, quereirão apenas
Beber meu sangue,
Devorar minha carne
E nada mais.

aNE pECLAT

Poro'roka


Hoje, Assim que inundar-me de mim
Replanejarei minha existência
Amarrarei vida aos meus desejos,
Porque é deles que realmente sou.

Colocarei tudo num papel
Para assim, seguir novos caminhos.
Pôr em prática, o que está implícito
E latentemente almeja sair.

Não quero muito,
Somente ser feliz!
Ahhhh...
E felicidade, o que é???

Quem sabe, é o que ainda não é
Mas passará a ser!
Assim que aquele papel...
O que está em branco-do-agora
Voar e pousar no canto de minh'alma
Onde  mora (não sei o quê)
Mas que me leva
Do instante do pensamento para o desejo
E daí (não sei como)
Reage curiosamente...

E eu me sinto...
E me inundo...
E me realizo...
E é então que sou feliz!


aNE pECLAT


Catarse



Pare

Pense

Desmistifique

Desconstrua


transgrida


Marginalize

Refaça

ou não!



aNE pECLAT

Passagem


O caminho mais áspero, não é a trilha pedregosa que conduz ao destino.
Mas os atalhos que se oferecem sorridentes e floridos aos recantos imaginários,
Atrasando a caminhada e as vezes até impedindo a chegada.

aNE pECLAT

Registro Civil

 

Encontro-me repleta do nada,
Como se o sentido
Trágico da vida
Residisse no seu sorriso
E para os olhos que contemplam,
Em vã tentativa,
Descobrir o limiar da dor,
A abstrata abdicação de tudo,
Inclusive, o medo daquela morte
que ao longe se aproxima.
Mais a fúria aguçada
E atenta da minha impotência
Perante os fatos,
Com todos os suores exalados,
Por me sentir culpada,
Constantemente...
Para o meu mundo de chão de terra,
Dum povo que há pouco entrou no mapa,
Como que esquecido pelos governos,
Andando sozinho e a pé,
Léguas e léguas de tristeza...
Deixo o inventário
Das minhas recordações
Com a esperança de não precisar
Voltar ao princípio,
Ao ponto de partida.


aNE pECLAT

Paradoxo


Ora amargo, ora doce!

Ora irritante, infesto. Estonteante!
Ora agradável, honroso. Estimulante!
Ora inseguro, vacilante. Errante!
Ora dissoluto, bacante. Devorante!
Ora emurchecido, ressequido. Impenetrante!
Ora transeunte, vagabundo. Vagante!

Por que não ser constante?

Para não ser reto
Para não ser inércia
Para isso machuca, corroe, suaviza e transforma
Para tornar-se polido, novo
Para não ser rotina
Para não ser outra coisa
Para não ser qualquer coisa
Para ser ainda pensamento.


aNE pECLAT

Liberdade



Ah, essa liberdade...

Algo que sem pressa chega e invade o ser
Não demora, mas enquanto existe, é completa
Cheia de efeitos, cada qual em seu instante
Transborda-nos por segundos...Logo se vai!

Vontade de nunca parar
Mas existindo permanentemente, seria avesso.
Liberdade que se conquista, não é conquistada
Que se perde, não é perdida.

É sentimento, é emoção.
Só quem deseja, usufrui.
Quem não a quer, não invade.
É desejada, mas não é ainda!

(...)

É prazer e dor indefinível, inconstante.
Prazeroso chegando, doloroso saíndo.
_Ah liberdade...
Não vá ainda, fique mais um momento!

aNE pECLAT

Semáforo



A vida não para
Tudo muda
Tudo corre...
Pare!

Parando se vê.

Corre pra onde?
Aonde se para?
Por que tanta correria?
Pra quem?
Pra quê?

Tudo é tão ligeiro
Tão passageiro
Como o passageiro que não para
Ainda que pelas mesmas paisagens passe.

E tudo fica tão escuro
E tão claro de repente
Basta parar
Parar e olhar.

Para um simples e pequeno sinal
Com restritas opções
E destinos extremos
Numa confusão de cores
Cada uma a seu tempo.

aNE pECLAT

Vazio


Hoje acordei diferente
É que
Queria ver o mundo
Um pouco de outra forma.

Hoje eu
Queria rir mais
Chorar mais
Viver mais.

Porque assim...
Assim tá chato
Sem muito tudo
Nem muito nada.

Queria ver mais gente
Mas gente de verdade
Não essa gente
Que a gente vê por aí.

Queria conversar com um pássaro
e saber como é lá de cima
Conversar com um peixe
E saber como é lá de baixo.

Tô um pouco cansada

Mas não deveria!
Mas por que não?
Eu posso também um dia!

É só um dia...
Só mais um desses.
aNE pECLAT


Correntes Invisíveis

(Não tenho nada. Tudo me tem...)

Olho daqui de dentro
Porque também estou presa.
Vejo aquelas janelas
Aqueles carros...
Estamos todos acorrentados.


Tudo o que nos faz escravos 
Tudo que não queremos perder
Tudo que nos impede de ver além.

Vivemos em presídios 
E somos os presídios
De nós mesmos
E de tantas pequenas coisas
Que insistimos em acumular.

Ah, os pássaros...!
Alguns deles, ainda são livres e conseguem voar!
aNE pECLAT

Cicatrizes

Aqui neste pequeno quarto
Branco e velho
Relembro do tudo que se foi
E do nada que ficou.

Das recordações expressas
Nestas paredes.
Dos seres que passaram
E que permaneceram.
Dos que se foram
E que não mais verei.

Tantos choros e sorrisos
Que parecem ecoar
Dum misto à nostalgia.
Tantos medos, sonhos, projetos...
Um futuro que não é presente,
E que jamais será passado.

Quantas lembranças vivas
Que só meu peito consegue sentir!
Elas permanecerão aqui
Neste pequeno quarto,
Onde o tempo jamais haverá de apagá-las.


aNE pECLAT

Um Dia


Um dia mudaremos o mundo...
Um dia voaremos...
Um dia contribuiremos para que a vida seja mais bonita e feliz...
Um dia acabaremos com as misérias e injustiças...
Um dia respeitaremos e cuidaremos mais dos nossos "velhos"...
Um dia daremos carinho, atenção e um lar a todos os animais que não possuírem...
Um dia não deixaremos que os animais fiquem em extinção...
Um dia tiraremos todos os moradores das ruas, daremos abrigo e comida...
Um dia purificaremos toda poluição que há...
Um dia limparemos todos os mares, rios, cachoeiras...
Um dia replantaremos todas as árvores que foram cortadas, todas as matas que foram destruídas e respiraremos muito melhor...
Um dia combateremos os crimes e todos os tipos de violência...
Um dia mostraremos às pessoas que não é legal falar mentiras, fazer fofocas, enganar, trapassear e roubar os outros...
Um dia proibiremos todo trabalho infantil e escravo...
Um dia daremos educação a todas as crianças...
Um dia distribuiremos as rendas de todos os seres humanos igualmente e não haverá mais isso...
Um dia eliminaremos as tristezas, as dores, as guerras, as doenças e tudo de ruim...
Um dia faremos com que todas as pessoas se amem...
Um dia sonharemos e acreditaremos que tudo será possível...
Enquanto esse dia não chega...
Hoje podemos começar...
Porque hoje, isso só depende de nós...

aNE pECLAT

Passou


Se foram...
Os dias de amizade
As horas tranquilas
Os momentos de alegria...


Hoje o presente deseja voar
A frequência só faz repelir
Sentimentos foscos nos permeiam.


A paz tornou-se inexistente.
A transparência nos transcorre às mãos
Vivemos em mundos contrários
Já não queremos voltar.


Talvez sejamos iguais!
Ou diferentes demais!
???
...
Já não faz-se necessária a presença.
O presente tornou-se passado!


Se foi...


aNE pECLAT

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Atiencioso Silencio

"Largo em sentir, em respirar sucinto,
Penso, e calo, tão fino, e tão atento,
Que fazendo disfarce do tormento,
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.

O mal, que fora encubro, ou que desminto,
Dentro do coração é que o sustento:
Com que, para penar é sentimento;
Para não se entender, é labirinto.

Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;
Da tempestade é o estrondo efeito:
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.

Mas oh, do meu segredo alto conceito!
Pois não chegam a vir à boca os tiros
Dos combates que vão dentro do peito."

Gregório de Matos

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ninguém pode construir em teu lugar 
as pontes que precisarás passar, 
para atravessar o rio da vida
ninguém, exceto tu, só tu. 
Existem, por certo, atalhos sem números,
e pontes, e semideuses que se oferecerão 
para levar-te além do rio; 
mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias. 
Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar. 
Onde leva? Não perguntes, segue-o. 


Friedrich Nietzsche